Taxas de juros futuros sobem pelo 3º dia com foco em eleições nos EUA e no fiscal
As taxas dos DIs emplacaram a terceira sessão consecutiva de alta, acompanhando o avanço dos rendimentos dos Treasuries durante boa parte do dia, em meio ao nervosismo com a disputa presidencial nos EUA, e com investidores à espera das medidas fiscais prometidas pelo governo Lula.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 — que reflete as apostas para a Selic no curtíssimo prazo — estava em 11,256%, ante 11,25% do ajuste anterior. A taxa do contrato para janeiro de 2026 marcava 12,745% ante 12,702%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,9%, ante 12,803%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,83%, ante 12,72%.
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As taxas futuras chegaram a ceder durante a manhã, mas no início da tarde migraram para o território positivo, acompanhando o avanço dos yields dos títulos norte-americanos naquele momento.
Por trás do movimento estava a percepção de que o Federal Reserve tende a ser mais cauteloso em seu ciclo de corte de juros, além da expectativa de que o republicano Donald Trump será o vencedor da disputa presidencial com a democrata Kamala Harris, na próxima semana.
Trump tem prometido adotar medidas consideradas inflacionárias, como o aumento das taxas de mercadorias chinesas, a redução de impostos e o bloqueio da mão de obra imigrante.
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O avanço dos rendimentos dos Treasuries ocorria a despeito de dados terem mostrado que as vagas em aberto nos EUA, uma medida da demanda por mão de obra, caíram em 418.000, para 7,443 milhões no último dia de setembro, o nível mais baixo desde janeiro de 2021. Na prática, o relatório Jolts sugeriu uma redução das condições do mercado de trabalho norte-americano.
“Como há uma correção para cima (dos yields dos Treasuries) lá fora, isso impacta a gente aqui. O dólar está subindo e as taxas (dos DIs) também”, comentou durante a tarde João Ferreira, sócio da One Investimentos.
“Um ponto de incerteza é a eleição dos EUA. As pautas de cada candidato, independentemente de ser Trump ou Kamala, buscam o expansionismo fiscal. Isso começa a ser precificado na curva também”, acrescentou.
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Além do exterior, a falta de medidas concretas do governo para conter o déficit primário ajudava a sustentar as taxas dos DIs. Durante a tarde, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o conjunto de medidas ainda está em análise e não há uma data para divulgação.
Em meio às incertezas, o mercado seguiu exigindo mais prêmios para investir nos ativos brasileiros. No leilão semanal de títulos públicos, o Tesouro Nacional vendeu nesta terça-feira NTN-Bs — papeis indexados à inflação — para 2029 com juros de 6,81%. Além disso, vendeu NTN-Bs para 2035 com taxa de 6,80% e para 2060 com taxa de 6,7073%.
As taxas na casa dos 6,80% chamaram a atenção de profissionais consultados pela Reuters.
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No início de outubro, as taxas do leilão estavam bem abaixo destes níveis, em 6,6197% para 2029, 6,4980% para 2035 e 6,4480% para 2060.
Perto do fechamento a curva a termo brasileira precificava 96% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da taxa Selic na semana que vem, contra 4% de chance de elevação de 75 pontos-base. Na segunda-feira os percentuais eram de 92% e 8%, respectivamente. Atualmente a Selic está em 10,75% ao ano.
Pela manhã, antes da abertura do mercado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou que a desancoragem das expectativas de mercado para a inflação à frente preocupa muito a autoridade monetária, que iniciou processo para corrigir esse movimento.
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“Aqui a gente vê as expectativas de inflação bastante desancoradas, tanto na parte das pesquisas de inflação quanto na parte do mercado. Isso preocupa muito o Banco Central, porque o modelo de metas é baseado em expectativas”, disse ele durante a UK Brazil Conference, promovida pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), em Londres.
No fim da tarde os rendimentos dos Treasuries haviam virado para o negativo. Às 16h39, o rendimento do Treasury de dois anos — que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo — tinha queda de 2 pontos-base, a 4,119%. Já o retorno do título de dez anos — referência global para decisões de investimento — caía 1 ponto-base, a 4,272%.
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